ÍNDIA | HISTÓRIA
- Julia Helena
- 31 de jul. de 2017
- 7 min de leitura
A história indiana tem pelo menos 5.000 anos. Perto de 3500 a.C., nasceu a civilização do Indo, no vale desse importante rio, na atual borda entre Índia e Paquistão. Os primeiros habitantes dessa região eram tribos nômades que cultivavam a terra e domesticavam animais. Após milhares de anos, um cultura urbana passa a surgir nessas tribos. Por volta de 2500 a.C. grandes cidades foram estabelecidas, foco do que ficou conhecido como a cultura de Harappam que floreceu por mais de mil anos.

As cidades de maiores destaque desse período foram Mohenjodaro, Harappa (descobertas na década de 20 do século passado), ambas no atual Paquistão, e Lothal, na Índia. Tais cidade se destacam por sua organização, culto religioso e tamanho (calcula-se que Mohenjodaro tenha tido cerca de 50.000 habitantes). Essa civilização ainda mantinha relações comerciais com a Mosopotamia. Eles desenvolveram sistemas avançados de pesagem e medidas. Muito dessa cultura influenciou a cultura hindú, como o culto a deusas, a figura de Shiva e outras práticas espirituais.
O declínio dessa cicilização ocorreu por volta do segundo milênio antes de Cristo. Historiadores atribuem o fim do império à diversas inundações e o grande aumento das chuvas, que destriu a agricultura dessa civilização. No entanto, a mais duradoura (porém muito contestada) teoria é a que invasões arianas colocaram um fim a essa civilização. Não há muitas provas desse fato e diversos historiadores indianos mostram que a palavra Arya (que em sânscrito significa “Nobre”) foi empregada erroenamente por historiadores estrangeiros.
Segundo essa teoria, por volta de 1750 a.C., os arianos chegaram à região, onde encontraram os drávidas, um povo mercantilista. Muitos deles dirigiram-se para o sul, e, aos poucos, a influência dos arianos espalhou-se por quase toda a Índia. Eles então criaram barreiras sociais entre eles e os drávidas - considerados um povo inferior -, o que originou o sistema de castas.
Entre 327 a.C. e 325 a.C., após a invasão de Alexandre, o Grande, surge o Império Mauria, fundado por Chandragupta Mauria. Este expandiu-se até abranger quase toda a Índia e uma parte da Ásia Central. O imperador Asoka, governante mauria mais famoso, converteu-se ao Budismo, deixou de guerrear e ajudou a difundir essa religião.
Séculos depois, surge outro império forte da região, conhecido como dinastia Gupta. Essa família governou o norte da Índia e partes do Afeganistão de 320 d.C. a 540, período conhecido como Idade de Ouro. Belas cidades foram construídas, universidades foram fundadas e uma grande civilização floresceu.
De 450 até o séc. XV, muitos povos invadiram a Índia, como os hunos e os muçulmanos. Um sultanato muçulmano estabeleceu-se em Délhi, de 1206 a 1526. Até que o governante muçulmano Baber invadiu a Índia em 1526, estabeleceu o Império Mogol e nomeou-se imperador. Seu neto, Akbar, maior imperador mogol, reinou durante 49 anos e conquistou todo o centro e o norte da Índia e o Afeganistão.
Durante o séc. XVII, violentos ataques dos povos maratas enfraqueceram o Império Mogol. Os problemas aumentaram no reinado de Aurangzeb. Ele perseguiu os hindus e tentou forçar os não-muçulmanos a se converter ao Islã. O Império Mogol começou a desmoronar logo depois de sua morte, em 1707.
O explorador português Vasco da Gama havia chegado a Calicute em 1498. No início do séc. XVI, comerciantes portugueses tomaram alguns portos da costa oeste da Índia. Franceses, holandeses e ingleses lutaram contra os portugueses, e, depois, entre si, para controlar as rotas de comércio. A Companhia Inglesa da Índia Oriental estabeleceu importantes postos de comércio na Índia.
Após 1707, alguns povos conquistaram diferentes pontos do território indiano. Em meados do séc. XVIII, não havia mais um poder central forte na Índia. A Companhia Inglesa da Índia Oriental assumiu, então, o controle de grande parte do país. Com o tempo, os agentes da companhia passaram a ter grande poder político. A companhia tornou-se a maior potência da Índia, em 1757.
Em 1857, soldados indianos, chamados de sipaios, deram início a uma revolta contra a companhia. A revolta alastrou-se, mas os ingleses a dominaram em 1858. No entanto, a Grã-Bretanha percebeu que a Índia não poderia continuar sendo governada pela companhia.
Em 1858, a região passou a ser controlada pelo Parlamento britânico, com o nome de Índia Inglesa. Os territórios que não eram diretamente governados pelos britânicos foram chamados de Estados Indianos. A maioria das províncias estava sob o comando de governadores locais, ingleses nomeados pela rainha. Algumas áreas menores do litoral permaneceram como colônias francesas ou portuguesas até o séc. XX. A rainha da Grã-Bretanha nomeou um vice-rei para assumir o governo indiano e, em 1877, tornou-se imperatriz da Índia.
O movimento de independência cresceu na década de 1870. Em 1885, os indianos criaram o Congresso Nacional Indiano, que funcionava como uma sociedade para debates políticos. O congresso, que tinha maioria hindu, logo começou a lutar por um governo autônomo. Em 1906, os muçulmanos organizaram a Liga Muçulmana.
A violência entre indianos e ingleses começou no início do séc. XX. Embora os ingleses fizessem algumas reformas, os indianos não se sentiam satisfeitos. Em 1920, Mohandas Gandhi, conhecido como Mahatma (Grande Alma), tornou-se líder do Congresso Nacional Indiano e persuadiu seus companheiros a adotar a política de desobediência pacífica contra os ingleses, que consistia no não-pagamento de impostos e na recusa em freqüentar escolas e cortes britânicas. Gandhi transformou sua manifestação em um movimento de massa, com a participação de milhões de indianos.
Nos anos de 1930, a Liga Muçulmana ampliou bastante suas atividades políticas, temendo que os planos pela independência dessem aos hindus poderes excessivos sobre os muçulmanos. Em 1940, Muhammad Ali Jinnah, líder da Liga Muçulmana, passou a exigir a criação de um país muçulmano independente dentro da Índia. O nome Paquistão logo seria usado para denominar essa nação.
Deste momento a Independência não tardou a chegar. No início de 1946, a Grã-Bretanha ofereceu a independência à Índia tão logo a Liga Muçulmana e o Congresso Nacional Indiano chegassem a um acordo sobre a forma de governo. Mais tarde, houve lutas sangrentas entre hindus e muçulmanos em toda a Índia. Em 1947, os líderes ingleses e indianos concordaram com a partição do país. A Índia tornou-se um domínio independente da Comunidade Britânica, e o Paquistão, um domínio britânico.
Mas os conflitos entre hindus e muçulmanos não cessaram. O Paquistão exigiu a Caxemira, um estado do norte cuja maioria da população era muçulmana. Os dois países disputaram a Caxemira até 1949, quando a ONU estabeleceu um cessar-fogo.
Em 1948, Gandhi foi assassinado por um fundamentalista hindu. Uma Assembléia constituinte redigiu uma nova Constituição e governou o país nos primeiros anos depois da independência. Jawaharlal Nehru serviu como primeiro-ministro. Em 1951, a Índia começou seu primeiro plano qüinqüenal para expandir a indústria e elevar o padrão de vida. Para isso contou com a ajuda financeira de vários países.
Em 1954, a França cedeu à Índia os territórios de Karaikal, Mahe, Pondicherry e Yanam. As ex-colônias portuguesas de Daman, Diu e Goa só seriam anexadas ao país em 1961.
Questões de fronteira com a China culminaram com os confrontos armados de 1959 e de 1962. Em 1964, a briga entre hindus e muçulmanos recomeçou em Caxemira. Em 1966, o primeiro-ministro Lal Bahadur Shastri e o presidente do Paquistão concordaram em retirar suas tropas da fronteira, mas não de Caxemira.
Shastri morreu logo depois, e Indira Gandhi, filha de Nehru, tornou-se primeira-ministra. Em 1974, a Índia testou sua primeira bomba atômica. Em janeiro de 1977, o governo aboliu a censura à imprensa e libertou alguns presos políticos. Entretanto, nas eleições de março, Indira Gandhi e seu partido (Partido do Congresso) perderam o controle do governo. Mas ela voltaria ao cargo de primeira-ministra em 1980.
Nessa época, irromperam por todo o país conflitos entre minorias étnicas, o mais grave deles no Punjab, onde os sikhs formaram uma organização pela independência do estado. Uma série de atentados levou Indira Gandhi a ordenar, em 1984, a invasão do principal santuário sikh, o que causou a morte de centenas de pessoas. Como retaliação, os rebeldes assassinaram Indira, provocando nova onda de violência.
Rajiv Gandhi tornou-se o novo primeiro-ministro. Seu governo foi marcado por confronto entre etnias, denúncias de corrupção e crescimento do fundamentalismo hindu, cujo partido, o Partido do Povo Indiano (BJP), tornou-se uma força importante no Parlamento nas eleições de 1989. Rajiv Gandhi, então, viu-se obrigado a renunciar. Em 1991, o Partido do Congresso voltou ao poder e indicou P.V. Narasimha Rao para primeiro-ministro.
Em 1993, o governo deu início à implementação do programa de ajuste econômico neoliberal. Por conta disso, a Índia passou a atrair muitos investimentos estrangeiros, em especial capitais provenientes do Japão.
O cenário político mudou em 1996, com o maior escândalo de corrupção da história do país, envolvendo políticos de vários partidos. O Partido do Congresso perdeu as eleições de abril e maio, abrindo espaço para o BJP, que, no entanto, não teve força para formar um governo.
O líder da coalizão Frente Nacional-Frente de Esquerda (FN-FE), Deve Gowda, foi empossado primeiro-ministro. Mas, em 1997, depois de perder o apoio do Partido do Congresso, Gowda renunciou. Seu sucessor, Inder Kumar Gujral, também acabou renunciando pelo mesmo motivo.
Kocheril Raman Narayanan tomou posse como o novo presidente da Índia, sendo o primeiro membro da casta dos párias a ocupar a chefia de Estado no país.
Em 1998, Atal Behari Vajpayee, do BJP, foi nomeado primeiro-ministro. Em maio, Índia e Paquistão realizaram testes nucleares, aumentando a tensão entre eles. Depois disso, vários conflitos ocorreram na fronteira entre os dois países, sobretudo na região de Caxemira, proxima à cidade de Srinagar, deixando centenas de mortos.
Em março de 2000, a Índia anunciou um aumento em seus investimentos militares. Em reunião com o então presidente norte-americano Bill Clinton, Vajpayee declarou que não efetuaria novos testes atômicos e propôs-se a aumentar o controle sobre a exportação de armas.
Em janeiro de 2001, um terremoto no estado de Gujarat matou mais de 30 mil pessoas. Em junho, o primeiro-ministro indiano encontrou-se com o presidente paquistanês. Foi a primeira reunião em mais de dez anos, mas não houve acordo sobre a Caxemira. Em dezembro de 2001, o Parlamento indiano foi alvo de um ataque, atribuído a grupos radicais islâmicos apoiados pelo Paquistão.
No início de 2002, muçulmanos atearam fogo a um trem lotado de hinduístas que retornavam de uma peregrinação, matando 57 pessoas. Surgiram conflitos religiosos por todo o país, culminando na morte de 800 pessoas.
Em maio de 2002, as tensões entre a Índia e o Paquistão recrudesceram depois que muçulmanos separatistas atacaram um ônibus de passageiros e um acampamento militar indiano na Caxemira, matando mais de 30 pessoas. Seguiram-se novos atentados terroristas, além de confrontos entre militares dos dois países, que somaram dezenas de mortos.
Em 2002, o cientista muçulmano Avul Jainalabedin Abdul Kalam foi eleito presidente. Essa eleição foi considerada uma tentativa de diminuir a tensão entre a maioria hindu e os muçulmanos do país.
Em maio de 2003, a Índia restabeleceu as relações diplomáticas com o Paquistão. Em agosto, dois atentados quase simultâneos mataram 46 pessoas em Bombaim e deixaram 130 feridos. Em novembro, indianos e paquistaneses adotaram um cessar-fogo total depois de mais de uma década de combates na região da Caxemira. Em fevereiro de 2004, os governos da Índia e do Paquistão deram início às conversações de paz.
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